A consciência da Ciência
Lucas Dyego Martins & Anderson Martiniano
Para sabermos o que é Ciência, precisamos fazer um tour básico
Senso comum
Em geral, o senso comum, também conhecido como conhecimento do povo, acumula-se ao longo da vida, e é passado de geração em geração, sem se basear em métodos ou conclusões científicas.
Por exemplo, normalmente quando sofremos de uma gripe ou resfriado associamos essa condição à chuva, tempo frio ou excesso de coisas geladas, quando na realidade, essas doenças estão relacionadas a contaminação por vírus e não a mudança do tempo. Tal fato, se deve à reflexão instantânea, sem profundos questionamentos e que tem o objetivo de sanar dúvida momentânea ou facilitar o cotidiano. Assim, nem todas as ações devem ser alvo de reflexão, podendo ser automatizadas pelo costume.
Há quem diga que senso comum e ciência são opostos, mas existe uma relação entre eles, pois a ciência necessita da existência do senso comum como mito, para assim ser elucidada e a verdade, comprovada com experimentos, venha à tona.
Conhecimento
De acordo com o que o Mestre em Filosofia Marcos Nascimento cita em seu material, disponibilizado aos alunos da disciplina Metodologia do Trabalho Científico na UFPB, podemos dizer que conhecimento é a elucidação da realidade. Essa afirmação parece ser correta, pois, ainda que sintética, expressa o sentido correto do conhecimento.
A palavra elucidar é um verbo que tem sua origem no latim. Ela é composta pelo prefixo reforçativo E e pelo verbo LUCERE que quer dizer trazer à luz. Então elucidar significa "trazer à luz muito fortemente", "iluminar com intensidade"
Nesse contexto, conhecimento, significa a quebra do senso comum, pois, se existe um mito(senso comum), obtendo conhecimento sobre tal coisa, o mito deixa de existir e vem à tona a verdade, consequentemente a elucidação do mito.
Correlação Ciência - Consciência - Conhecimento
A palavra "ciência" vem do latim "scientia", que significa "conhecimento". Por isso é correto dizer que você "tomou ciência" quando tomou conhecimento de alguma coisa que aconteceu, de um fato.
Para o autor da postagem, quando se pergunta o que é ciência, o que se pode responder é: ciência significa o momento quando compreendemos a existência de algo à nossa volta que antes não percebíamos, mesmo sempre existindo sem nunca ser notado.
Quando se busca ou quando se aprende, mesmo sem buscar, quando se toma consciência de tal fato, como o seguinte exemplo: nascemos e vivemos enquanto crianças e não percebemos sequer a existência do ar que necessitamos para sobreviver, apenas respiramos, pois é natural, instintivo. E até então não existe por que se questionar esse fato. Porém, mais tarde quando alcançamos a escola, tomamos ciência de que de fato o ar existe e também ficamos conscientes de tudo o que o oxigênio proporciona na natureza e que sem ele nada existiria como é de fato.
Portanto, ciência é a ignição, o despertar da consciência do homem. O homem primeiramente se molda com base no senso comum, e gradualmente, vai ficando ciente dos fatos da realidade. Fatos esses, que a ciência comprova com métodos e experimentos.
Tipos de conhecimento
Ao longo da história da humanidade, iremos distinguir quatro tipos de conhecimento: o conhecimento popular ou senso comum, o conhecimento religioso, o conhecimento filosófico e o conhecimento científico. Veremos também que não existe um conhecimento que seja melhor do que outro; eles são diferentes, com características próprias e bem específicas. Cada um deles, dentro de seu escopo, possui o mesmo objetivo: responder às nossas dúvidas atuais e criar novas dúvidas. Apesar do conhecimento científico ser o mais sistematizado, podemos afirmar com certeza que a ciência não é o único caminho que leva à verdade.
Para finalizar, apresento um quadro comparativo entre os quatro tipos de conhecimento, de acordo com Trujillo (1974 apud MARCONI e LAKATOS, 2008, p, 77-78):
•CONHECIMENTO POPULAR •CONHECIMENTO RELIGIOSO
♦ Valorativo ♦ Valorativo
♦ Reflexivo ♦ Inspiracional
♦ Assistemático ♦ Sistemático
♦ Verificável ♦ Não verificável
♦ Falível ♦ Infalível
♦ Inexato ♦ Exato
•CONHECIMENTO FILOSÓFICO •CONHECIMENTO CIENTÍFICO
♦ Valorativo ♦ Real (factual)
♦ Racional ♦ Contingente
♦ Sistemático ♦ Sistemático
♦ Não verificável ♦ Verificável
♦ Infalível ♦ Falível
♦ Exato ♦ Aproximação exato
Conhecimento Popular: É valorativo porque é influenciado pelos estados de ânimo e emoções do observador, que impedem uma isenção de opinião sobre o objeto estudado. É reflexivo, porque a familiaridade com o objeto estudado não instiga à formulação de padrões, não permitindo uma formulação geral. É assistemático porque baseia-se em uma organização particular (subjetiva), que depende do sujeito. É verificável, porém apenas em relação ao que pode ser observado, no dia-a-dia, dentro do âmbito do observador, ou seja, a verificabilidade é subjetiva. É falível porque se conforma apenas com o que se vê ou se ouviu falar, não se preocupando em buscar a verdade. É inexato, porque a falibilidade não permite a formulação de hipóteses verificáveis sob o ponto de vista filosófico ou científico.
Conhecimento Religioso: É valorativo porque baseia-se em doutrinas que possuem proposições sagradas (dogmas), que emitem um juízo de valor. É inspiracional, porque é revelada pelo sobrenatural. É sistemático porque os dogmas revelam um conhecimento organizado do mundo (de onde viemos, para qual finalidade e para que destino). É não verificável, porque não precisa, por depender da fé em um criador divino. É infalível e exato, porque os dogmas (revelações divinas) não podem ser discutidos.
Conhecimento Filosófico: É valorativo porque parte de hipóteses que não podem ser submetidas à observação, ou seja, baseia-se na experiência, na argumentação, mas não na experimentação. É racional por consistir de um conjunto de enunciados logicamente relacionados. É sistemático pelo fato das hipóteses e enunciados buscarem uma representação coerente e geral da realidade estudada. É não verificável porque as hipóteses filosóficas, ao contrário das científicas, não podem ser confirmadas nem refutadas. É infalível e exato porque as hipóteses filosóficas não exigem confirmação experimental e não delimitam o campo de observação, exigindo apenas coerência e lógica, que prescindem da experimentação.
Conhecimento Científico: É factual porque lida com ocorrências e fatos. É contingente porque as hipóteses podem ser validadas ou descartadas por base na experimentação, e não apenas pela razão. É sistemático porque busca a formulação de idéias correlacionadas que abrangem o todo do objeto delimitado para estudo. É verificável a tal ponto que as hipóteses que não forem comprovadas deixam de pertencer ao âmbito da ciência. É falível porque nenhuma verdade é definitiva e absoluta. É aproximadamente exato, porque novas proposições e novas tecnologias podem reformular o conhecimento científico existente.
Como a ciência pode impactar na nossa contemporaneidade?
De uns anos pra cá, podemos observar a inserção de veículos elétricos e híbridos nas lojas de automóveis. Isso não seria por acaso.
A mudança climática se transformou em um problema global no final do século passado, levando a medidas governamentais para extinguir o uso de motores a diesel e gasolina até 2050, principalmente em países europeus e na China.
Embora em termos climáticos o foco da extinção desses motores seja a redução de CO2 (que corresponde a 58% dos gases de efeito estufa), é importante lembrar que eles também podem emitir hidrocarbonetos, óxidos de nitrogênio e monóxido de carbono.
Os combustíveis fósseis se constituem em um dos principais responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa na atmosfera. A sua queima tem inúmeros efeitos indesejáveis para o ambiente, como poluição do ar, aumento da acidez das chuvas, doenças e o impacto no clima terrestre.
Ao analisar e comparar todo o ciclo de vida dos carros a combustão e elétricos, estudos apontam que os carros a bateria diminuem consideravelmente as emissões nocivas de gases poluentes. Essa redução nociva seria ainda mais potencializada caso também houvesse um aumento no uso de energias renováveis, como energia solar e hidroelétrica.
A alternativa de substituir os carros a combustão por carros elétricos movidos a bateria surge com um grande potencial de solução para esta questão, mas devemos pormenorizar o assunto para entender realmente quais são os benefícios apresentados e o que pode ser apenas jogadas de marketing e lavagem verde protagonizada pelas empresas com este interesse.
Observa-se um consenso no potencial de vantagens ambientais alcançadas pelos carros elétricos quando vinculados a uma política de desenvolvimento de fontes de energia renováveis como matriz energética da região de estudo. Mesmo gerando mais CO2 do que os carros a combustão em seu período de produção, a vida útil baixa em emissões faz com que carros elétricos alimentados por energia limpa alcance uma redução de até 34% na emissão de gases de efeito estufa.
Juntamente, se faz relevante desenvolvimentos específicos que aumentariam consideravelmente os ganhos na utilização de carros elétricos, tais quais: aumento na quilometragem alcançada durante a vida de uma bateria, a produção de baterias mais eficientes e com a utilização de materiais mais ecológicos e o desenvolvimento e fomento da reciclagem desta peça, capaz de reduzir em até 17% as emissões de gases de efeito estufa.
Portanto, observamos que até o presente momento a ciência se torna imprescindível para o cotidiano do ser humano e também da natureza.
Referências
Research, Society and Development, v. 11, n. 11, e10111132235, 2022
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i11.32235
https://canaltech.com.br/ciencia/o-que-e-ciencia-metodo-cientifico-e-divulgacao-cientifica-155693/
www.oficinadapesquisa.com.br|Disciplina: Metodologia Científica Autor: Carlos José Giudice dos Santos
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/filosofia/senso-comum
Aula expositiva, mediador Prof. Marcos Nascimento, Mestre em filosofia.
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