O que é Ciência?
Bárbara Isabhella Sousa de Melo
Alexandro Carlos de Borges Souza
A etimologia da palavra ciência, do latim scientia, significa conhecimento, mais especificamente um conhecimento sistemático, não só teórico como prático. Este não se trata de um conhecimento qualquer, ela busca compreender fatos e verdades, leis naturais da vida, para saber e explicar como o universo funciona.
Também temos o conceito apresentado por Aristóteles sobre o que seria essa tal de ciência. Segundo ele, pode ser definida como o conhecimento das causas pelas causas, ou seja, para ele, a ciência seria "o conhecimento demonstrativo".
Uma outra definição de ciência está no Dicionário da Língua Portuguesa, Ferreira (2004) define ciência como um conjunto de conhecimentos socialmente adquiridos ou produzidos, historicamente acumulados, dotados de universalidade e objetividade que permitem sua transmissão, e estruturados com métodos, teorias e linguagens próprias, que visam compreender e orientar a natureza e as atividades humanas. Também temos outra definição, de Ander-Egg (1978), apresentada na obra Introducción a las técnicas de investigación social: “A ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza”.
Primeiramente, ao falar sobre ciência, precisamos entender sua origem. Os gregos foram os primeiros a iniciarem as práticas científicas. Antes disso, o conhecimento se baseava no misticismo e se constituía como privilégio de alguns grupos. Existia o sacerdócio, e não propriamente ciência. Três ou quatro milênios depois “os gregos romperam subitamente os muros da prisão do segredo e do tradicionalismo e proclamaram a liberdade da investigação intelectual”. Porém, era mais uma ciência especulativa, sem objetivos imediatos e somente tomou os aspectos semelhantes à ciência moderna quando os romanos entraram no espírito intelectual especulativo dos gregos.
A partir daí, o ser humano começou a compreender suas possibilidades no domínio da natureza, na interpretação dos fenômenos naturais, na organização de leis e no estabelecimento de condições que lhe facilitasse a vida e lhe assegurasse melhores prerrogativas na hierarquia dos seres, proporcionando uma redução do tradicionalismo místico e ampliando a concepção objetiva dos fenômenos.
Acompanhando essa evolução, a burguesia, à medida que foi evoluindo e conquistando posição política mais ou menos definida, começou a estimular a ciência, a ampará-la, com o objetivo de lutar contra o Estado feudal, destruindo as forças que lhe davam apoio. Dessa forma, iniciou o prestígio da ciência e o seu desenvolvimento foi tomando vulto a cada dia, favorecendo grandemente a burguesia e o capitalismo, na sua marcha política para a conquista do poder. Começou, então, a organização das sociedades científicas, patrocinadas e favorecidas pelas grandes empresas a núcleos industriais.
No século XIX, o fenômeno assumiu tais proporções que, na Europa, a primeira condição para alguém ser professor universitário era dedicar-se de maneira sistemática à investigação científica. A evolução continuou e, à medida que as técnicas de investigação iam se tornando mais apuradas e o acervo de conhecimentos ia tomando maiores proporções, foi se operando uma transformação rápida no mundo, às vezes desconcertante, obrigando a todos a acompanhar tal mudança rapidamente.
A ciência busca compreender fatos e verdades, leis naturais da vida, para saber e explicar como o universo funciona. Para chegar nesses fatos e verdades, os cientistas fazem diversas medições, verificações, análises, ensaios, testes e comparações.
Essas teorias, métodos, técnicas e produtos contam com uma aceitação geral quando mencionam que são considerados científicos. A autoridade da ciência é evocada amplamente. Indústrias, por exemplo, freqüentemente rotulam de "científicos" processos por meio dos quais fabricam seus produtos, bem como os testes aos quais os submetem. Atividades várias de pesquisa se auto-qualificam "científicas", buscando afirmar-se: ciências sociais, ciência política, ciência agrária, etc.
Essa atitude de veneração frente à ciência deve-se, em grande parte, ao extraordinário sucesso prático alcançado pela física, pela química e pela biologia, principalmente. Assume-se, implícita ou explicitamente, que por detrás desse sucesso existe um "método" especial, uma "receita" que, quando seguida, redunda em conhecimento certo, seguro. Através da ciência nós conseguimos avançar em diversas áreas, temos uma expectativa de vida maior e chegamos à lua. Encontramos a cura para diversas doenças, salvamos espécies de extinção e recuperamos parte do meio ambiente.
A ciência em nosso cotidiano
Por vivermos em uma sociedade industrial, estamos cercados pela ciência em praticamente todos os aspectos de nossa vida. É praticamente impossível localizar algum objeto em nossas casas, em nossos ambientes de trabalho, de estudo ou de lazer que não tenha sido fabricado a partir de princípios científicos. Desde a cama, o travesseiro e os lençóis onde dormimos, passando pela comida que ingerimos, o transporte que pegamos para nos deslocar para o trabalho ou escola, cada aspecto do nosso cotidiano traz encapsulado em si o progresso científico dos últimos séculos e o conhecimento acumulado pela espécie humana em milhares e milhares de anos.
Se, antes, esse conhecimento era transmitido de boca em boca, pelos anciões e sábios, com o surgimento da escrita ele passou a ser armazenado em diferentes plataformas, primeiro em antigas placas de barro, depois em papiros, pergaminhos, até chegarmos aos livros e, por fim, à memória virtual dos computadores, vencendo a barreira do tempo. Podemos dizer que, hoje, somos tão contemporâneos de nossos pares quanto de Isaac Newton, ou mesmo dos poetas da antiga Mesopotâmia.
Esse conhecimento acumulado permitiu que desenvolvêssemos tecnologias cada vez mais avançadas. Há aproximadamente 250 anos, inventores britânicos criaram o motor a vapor. Cem anos depois, já era possível utilizar combustíveis fósseis para abastecer essas máquinas. Na virada do século 19 para o século 20, veículos autopropulsionados ganhavam as ruas dos principais centros urbanos – e logo depois, os ares. Hoje em dia, já é possível sair de casa para o trabalho em motos, carros e bibicletas movidos a energia elétrica.
Talvez o maior avanço no dia a dia – ou pelo menos o mais perceptível – tenha sido nas comunicações. O computador, desde os primeiros experimentos de Charles Babbage e Ada Lovelace até os primeiros programas desenvolvidos por Alan Turing (ver vídeo a seguir), deixou de ser um equipamento gigantesco usado com fins militares e científicos para se tornar uma estrutura onipresente. A criação dos computadores domésticos popularizou o acesso ao equipamento e permitiu que diversas tarefas passassem a contar com a ajuda dos processadores eletrônicos em sua execução.
Para além da capacidade de processamento, cada dia mais rápida dessas máquinas, o surgimento da internet permitiu que as pessoas pudessem entrar em contato e colaborar entre si independente das distâncias geográficas, transformando o mundo em uma imensa aldeia.
O desenvolvimento das tecnologias de telecomunicação permitiu que o “computador”, ou pelos menos seus princípios, fosse levado para o bolso das pessoas, com a chegada dos telefones móveis. Hoje, ao alcance das mãos, é possível estar em contato com pessoas ao redor do mundo, acessar praticamente qualquer conhecimento disponível em rede e criar novos produtos, obras de arte ou iniciar novas pesquisas científicas sem qualquer entrave.
Ultimamente, aliás, o surgimento de tecnologias de ‘inteligência artificial’ vem possibilitando, ainda que de maneira um pouco rudimentar, que se coloque nas mãos das máquinas até mesmo essas atividades tão tipicamente humanos. Levando-se em conta a velocidade com que essas novas tecnologias surgem e avançam, talvez estejamos perto do dia em que haverá pouca ou nenhuma diferença entre a criação humana e a maquínica. Caminhamos, possivelmente, a um ponto em que será praticamente impossível distinguir o que veio dos seres humanos e o que veio dos computadores.
BIBLIOGRAFIA
CHIBENI, Silvio Seno. O Que é Ciência. Disponível em: https://www.unicamp.br/~chibeni/textosdidaticos/ciencia.pdf
DANTAS, Dr. Adalmir Morterá. A Ciência. Revista Brasileira de Oftalmologia. Rio de Janeiro, vol. 67, n. 4, 2008; págs. 163-164. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbof/a/dxcQpjkm6rb4QRhVtqH3GKd/?lang=pt&format=pdf
FRANCELIN, Marivalde Moacir. Ciência, senso comum e revoluções científicas: ressonâncias e paradoxos. Ciência da Informação, Brasília, vol. 33, n. 3, p. 26-34, set./dez. 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ci/a/ZmhGpGCb8DnzGYmRBfGWNLy/?format=pdf&lang=pt
MENDONÇA, Ana. Você sabe o que é ciência? Publicado em 18/5/2020. Disponível em: https://www.colab.re/conteudo/ciencia
PACHECO, Renato Lucas; MARTINS-PACHECO, Lúcia Helena. O Que é Ciência? Uma abordagem para cursos tecnológicos. INTERTECH - International Conference on Engineering and Technology EducationMarch. São Paulo, págs. 02-05, 2008. Disponível em: http://www.inf.ufsc.br/~lucia.pacheco/INE5407/1-Ciencia/069-Ciencia&Sociedade_INTERTECH'2008.pdf
SANTOS, Julio Cesar de Souza. O que é Ciência? Disponível em: https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/amp/curiosidades/o-que-e-ciencia.htm
Comentários
Postar um comentário